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  • segunda-feira, 8 de agosto de 2016

    EVOCAR “MORTO” PARA QUÊ? O ESPIRITISMO SUPERA TODOS OS FENOMENISMOS Jorge Hessen

    Jorge Hessen
    Brasília-DF


    É evidente que na expressão “o telefone só toca de lá para cá” popularmente atribuída a Chico Xavier não está explícita  a opinião de alguma interdição de se evocar os “mortos”.  Contudo, será que atualmente deve-se provocar, como ocorreu na época de Kardec, a evocação dos espíritos para uma conversinha “agradável” e “amigável”, “franca” e “direta” com os Espíritos, visando obter notícias, revelações e outras informações banais dos mesmos?  Inúmeros neófitos e curiosos procuram grupos espíritas almejando notícias dos entes que “partiram”? Mas, será que a finalidade de um centro espirita é essa?  

    Vigilância e prudência não fazem mal a ninguém. Sou dos que não recomenda  a provocação de evocação dos desencarnados, sobretudo se o médium estiver voltado para a recepção de notícias póstumas de Espíritos sofredores (normalmente recém-desligados do físico), pois em todos os casos de intercâmbio com o além a espontaneidade é essencial para a credibilidade das mensagens. 

    Até mesmo nas mensagens instrutivas de alto valor doutrinário não há a necessidade de se fazer uma evocação direta, pois pode-se receber espontaneamente mensagens instrutivas de qualquer espírito evoluído. O mais importante neste caso é o exame racional e lógico da mensagem recebida, conforme recomenda o bom senso, para se evitar o desvairo da mistificação.

    O Espírito Emmanuel, após ser indagado se era aconselhável a evocação direta de determinados espíritos, esclareceu: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, pois, no complexo dos fenômenos espiríticos. A solução de muitas incógnitas [sobre tal tema] espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina.”[1]

    Insatisfeitos com essas criteriosas orientações de Emmanuel, surgem alguns causídicos “espíritas” sucessivamente espicaçados (quase fascinados) pelo fenômeno do intercâmbio com os “mortos”, fazendo referência ao interesse do mestre lionês pela evocação direta para justificarem suas interações com os “finados”. Entretanto, “precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade de aprendizes comuns” [2] tais quais somos.

    Para os entusiastas (quase fascinados)  pelos  fenômenos mediúnicos , mormente os que desejam notícias dos parentes mortos,  corroboramos inteiramente as advertências do Espírito Emmanuel  quando explana: “Qualquer comunicado com o invisível deve ser espontâneo, e o espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem conveniente e oportuno os mentores espirituais.”[3]

    Para Kardec, “frequentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se objetiva obter dos Espíritos respostas precisas a questões circunstanciadas. ”[4]  Os médiuns – lembra ainda Kardec – “são geralmente mais procurados para evocações de caráter particular do que para comunicações de interesse geral. Eles não deveriam, porém, aceder a tais pedidos, senão com muita reserva, quando feitos por pessoas de cuja sinceridade estejam seguros. Além disso, é preciso evitar sua participação nas evocações movidas por simples curiosidade ou interesse, sem intenção séria por parte do evocador, afastando-se de tudo o que possa transformá-los em agentes de consultas, em ledores da buena dicha.” [5]

    Evocar um “morto” é questão que precisa, portanto, ser bem avaliada, tendo sempre em mente a finalidade a que ela se presta. No livro Conduta Espírita, cap. 25, André Luiz reafirmou a proposta feita por Emmanuel, recomendando-nos seja “abolida, em nosso meio, a prática da evocação nominal dos espíritos.”[6]

    Não tendo havido informações novas, provindas de fontes robustas, confiáveis e consagradas, não concebo por que a recomendação de Emmanuel, reafirmada por André Luiz, deva ser ignorada.  A comunicação com os Espíritos efetua-se por iniciativa deles. A frase "o telefonema vem do lado de lá", dita por Chico Xavier, diz bem como o assunto deve ser encarado com mais seriedade em qualquer contexto do debate sobre o tema, até porque o assunto é grave e não tem nada a ver com as mitologias evocadas por alguns “letrados” em Espiritismo.

    Referências  bibliográficas:
    [1]            Xavier, Francisco Cândido. O consolador , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, Questão 369
    [2]           Idem questão 380
    [3]           Idem
    [4]           Disponível em acessado em 08 de agosto  de 2016
    [5]           idem

    [6]           Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita , ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001

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