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  • quarta-feira, 24 de agosto de 2016

    INCESTO E SEXUALIDADE DIANTE DOS MITOS E A REALIDADE (Jorge Hessen)



    Jorge Hessen 

    Brasília/DF 

    Conta a mitologia grega que Jocasta foi filha de Menocenes e mulher de Laio, rei de Tebas, com quem teve um filho, Édipo. Pela previsão do oráculo, Édipo quando crescesse seria um perigo para a vida de Laio. Abandonado, Édipo foi deixado pelo pai numa floresta para morrer. Sendo salvo por um pastor, acaba por cumprir o que lhe estava destinado. Já adulto, numa viagem, mata Laio, o seu pai, e desposa Jocasta, a sua mãe, sem, no entanto, saber de quem se tratam. Quando da consulta do oráculo, por ocasião de uma peste, Jocasta e Édipo descobrem que são mãe e filho. Ela suicida-se e ele fura os próprios olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a própria mãe. Édipo e Jocasta tiveram 4 filhos, Antígona, Ismênia, Etéocles e Polinice. 

    Ao ensejo, reproduzo aqui uma real e delirante história anunciada pelo jornal inglês Daily Mail e que vem provocando controvérsia na mídia internacional por tocar no assunto muito penoso: o incesto [1]. No caso específico, uma autêntica história de “amor” proibido entre Monica Mares, uma mãe de 36 anos e Caleb Paterson, seu filho que ela ofereceu para adoção quando bebê e só tornou a ver recentemente, após 18 anos. 

    Monica Mares e Caleb Paterson, podem pegar pena de 18 meses de prisão se forem condenados por prática de incesto em julgamento no Novo México (Estados Unidos). Ambos afirmaram que brigarão pelo direito de manter o relacionamento e que “arriscarão tudo” por esse objetivo. Monica afiançou ao jornal que Caleb é o amor da sua vida e não quer perdê-lo. Proferiu que nada pode separá-los e que se for presa, cumprirá a pena e, ao sair da prisão, vai mudar-se para um estado que aceite a união. [2] 

    Monica reviu o filho, após a doação, quando ele tinha 18 anos, foi no dia de Natal de 2014, logo após trocarem mensagens pelo Facebook. Depressa, eles se apaixonaram e tiveram contatos íntimos. Os dois passaram a viver juntos e hoje um dos filhos pequenos de Monica chama Caleb de pai. Recentemente a polícia foi chamada quando uma pessoa, após uma briga de vizinhos, decidiu denunciá-los. 

    Eles foram acusados de incesto, soltos após pagamento de fiança e aguardam julgamento. Segundo os advogados do “casal”, o resultado do caso, se for favorável pode abrir um precedente legal nos Estados Unidos. O casal afirmou que, se preciso, pretende recorrer à Suprema Corte americana para ficar juntos. [3]Em alguns países, mormente os islâmicos, a pena de morte é prescrita para os casos de incesto. 

    A aberração da prática sexual, quando somente visa a satisfação egoística , imediata e desvairada, cede lugar a patologias graves como a pedofilia, o incesto, o masoquismo, o sadismo, a necrofilia, a prostituição, a pederastia e a outras anomalias psicológicas e psiquiátricas que rebaixam o ser humano. 

    A obscuridade da consciência medieval e as torturas íntimas camufladas de muitos teólogos mediévicos apontaram que a sexualidade se tratava de uma função “impura”, “suja” e “repreensível”, como se Deus houvesse escolhido um meio funesto para a reprodução da vida na Terra. Atualmente muitos seres humanos sofrem diversos tipos de aflições morais, amiúde derivadas da má condução da sexualidade e dos antigos temores que deram lugar a mitos ,ignorância e fobias. Em face disso, merece que seja examinada a nobreza da prática sexual , porquanto ela a matriz da continuidade da vida biológica. 

    Historicamente o incesto e a endogamia não se restringiram às tradicionais monarquias europeias. Exemplos são encontrados no Egito antigo, onde havia casamentos entre irmãos. No Pamir era normal o faraó casar-se com suas irmãs para manter o poder entre eles. Cleópatra casou-se com dois irmãos consanguíneos. Em Roma, ocorriam enlaces entre primos, caso de Nero e Claudia Octavia. O imperador Calígula era amante das suas 3 irmãs. Há indícios de que os incas na América do Sul também casavam irmãos e irmãs 

    Naturalmente perante as leis humanas e de civilidade é preciso manter a observância às normas e regras, que nos diferem dos seres irracionais. Ora, do ponto de vista biológico, a sexualidade é uma sublime seiva para manter a vida em padrões de estabilização e de encanto, proporcionando, quando o seu uso é ético e equilibrado, contentamento e completude nos relacionamentos. 

    Doutrinariamente discorrendo sobre o assunto recordemos que há espíritos que ainda não conseguiram superar as viciações sexuais do passado que entorpecem a consciência. Há os casos obsessivos gravíssimos. Citamos aqui o caso do personagem Cláudio narrado por André Luiz no livro Sexo e Destino. [4] Cláudio concretizou uma relação incestuosa com a própria filha Marita, recebendo influência direta dos obsessores. 

    Observemos que pela lei da pluralidade das existências muitos pais e filhos, irmãs e irmãos, primos e primas, os tios e tias, etc., etc., etc., podem ter sido “amantes” nas vidas passadas. Alguns não superaram essa experiência e, sendo assim, não conseguem ainda modificar a posição psíquica e emocional que ocupam na atual existência. Por vezes culminam por praticarem o vil incesto que representa invariavelmente um arrepiador estacionamento moral do espírito reencarnado. 

    Conta Emmanuel que no fundo da personalidade paterna ou do maternal coração, “descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da reencarnação. A libido ou o instinto sexual na forma de energia psíquica, tendente à conservação da vida, permanece. 

    Os pequeninos, porém, recém-vindos da amnésia natural que a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias disposições no campo das preferências. E surgem neles, de inopino quase sempre, as inclinações descontroladas, nos caprichos com que se mostram, exigindo especial atenção de pai ou mãe a revelarem, de modo claro para que rumo se lhes dirigem os laços mais fortes. 

    Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das ligações havidas em existências passadas e prenunciando a obra de desvinculação [ante a lei da natureza] que se executará, inevitável, no futuro próximo. [5] 

    Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las evoluir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo às criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as tendências, na evolução sublime dos seus sentimentos. 

    Recorramos às reflexões do nobre Espírito Emmanuel - "diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for, coloquemo-nos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as nossas tendências mais íntimas e, após verificarmos se estamos em condições de censurar alguém, escutemos no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". [6] 

    Notas e referências bibliográficas: 

    [1] Comunhão sexual entre pessoas consanguíneas ou afins nos graus interditos pela ética cristã 
    [2] Incesto é considerado crime em cinquenta estados americanos, mas a pena varia de lugar a lugar. 
    [3] Disponível em http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/m%C3%A3e-e-filho-enfrentam-a-justi%C3%A7a-com-hist%C3%B3ria-de-amor-proibido-que-provoca-pol%C3%AAmica-na-web/ar-BBvs3fR?li=AAggNbi&ocid=mailsignoutmd acessado em 20/08/2016 
    [4] Xavier, Francisco Cândido. Sexo e Destino, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 1999 
    [5] Xavier, Francisco Cândido. Vida e sexo, Cap. 15, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000 
    [6] Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001

    sexta-feira, 19 de agosto de 2016

    BULLYING UMA PESTE PSICOSSOCIAL Jorge Hessen

    Jorge Hessen
    Brasília-DF

    O Colégio Holy Angels Catholic Academy, em Nova York, Estados Unidos não tomou nenhuma providência contra o bullying [1] que Daniel Fitzpatrick, um aluno de 13 anos, estava sofrendo. Resultado! Daniel acabou se suicidando. Deixou uma carta de despedida e dentre outros bramidos de dor moral escreveu: "Eu desisto"! Disse ainda que os seus colegas da escola o atormentavam há muito tempo e a direção do colégio não fazia nada a respeito, mesmo após ele e os seus pais terem feito uma reclamação formal. A resposta do Holy Angels teria sido "Calma tudo vai ficar bem. É só uma fase, vai passar".[2]

    O pai de Daniel Fitzpatrick resolveu não esconder a tragédia pessoal do seu filho, inclusive a carta de suicídio e a sua foto, justamente para que casos assim não voltem a acontecer. Disse o pai que nenhuma criança deveria passar pelo que o seu filho passou. A mãe de Daniel revelou que as crianças o xingavam de diversos nomes dentro da sala de aula e também atiravam coisas contra ele. Ao longo do tempo, isso foi o deixando cada vez mais triste e frustrado. 

    Antes que alguém questione o motivo dos pais não terem transferido Daniel do colégio, fica óbvio que culpá-los pela situação é tão cruel quanto o bullying sofrido por Daniel. O que precisa mudar é a maneira e seriedade com que encaramos este assunto. Deve-se ensinar desde cedo, seja dentro de casa ou da sala de aula, que oprimir e ofender as pessoas é errado. Quando vemos alguém fazendo isso, seja uma criança ou adulto, é o nosso dever intervir. [3]

    Infelizmente, casos assim podem acontecer em qualquer lugar do mundo, porém, ainda são pouco divulgados. Outro caso recente foi o da jovem Britney Mazzoncini, de 16 anos, de Glasgow, na Escócia que decidiu tirar a própria vida após sofrer bullying de perfis falsos no Facebook. Mazzoncini, tinha depressão, que foi piorada pelos traumas que os agressores deixaram. Antes de se suicidar, ela deixou mensagens na rede social reclamando das ofensas. "As palavras podem sim machucar as pessoas, e elas precisam perceber isso antes que seja tarde demais". A avó, Agnes Mackenzie, disse ao jornal The Sun ter certeza de que o bullying na internet foi um dos principais fatores para a Britney ter se suicidado. Agnes explicou ainda que a família não tinha conhecimento de que a garota sofria bullying, contou. [4] 

    Como esquecermos a chacina de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, em que meninos e meninas ficaram irmanados num trágico destino. Suas vidas foram prematuramente ceifadas num episódio de insonhável bestialidade. Jornais, redes de TV, revistas, rádios e Internet noticiaram o crime horroroso ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira. É um episódio para cujas causas não há como permanecermos estáticos na busca de entendimento.

    O assassino Wellington Menezes de Oliveira, embora com a mente arruinada e razão obliterada, fez sua opção de atirar contra jovens estudantes. Na fita gravada, Wellington alegou ter sofrido bullying, anos antes, na mesma escola; porém, poderia ter superado o trauma de antanho. Ainda que admitamos sua provável subjugação por mentes perversas do além, a responsabilidade da decisão recai integralmente sobre ele.

    O bullying, que tem sido discutido com pujantes cores por especialistas das áreas do direito, da psicologia, da medicina, da sociologia, da pedagogia e outras. A prática de bullying começou a ser pesquisada há cerca de alguns anos na Europa, quando descobriram que essa forma de violência estava por trás de muitas tentativas de homicídio e suicídio de adolescentes.

    O fenômeno é uma epidemia psicossocial e pode ter consequências graves. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo, pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Tem sido responsável pelos altos índices de evasão e repetência escolar uma vez que o aluno não vê a escola como local de aprendizado, mas como um ambiente hostil.

    Não há dúvida que atualmente há muitos espíritos em estágios bem primários reencarnados na Terra. Por isso os pais devem ter cuidado redobrado com a disciplina dos próprios filhos, reforçando na intimidade doméstica os exemplos de moralidade. Pais, avós e professores formam os grupos encarregados da educação. Não se pode permitir que esses espíritos espiritualmente infantilizados reencarnados sejam entregues simplesmente às mãos de funcionários despreparados, ou sob a estranha tutela da televisão, das redes sociais da Internet e de violentos jogos eletrônicos.

    Urge estabelecer limites aos nossos filhos. Desde os primeiros anos, devemos ensiná-los a fugir do abismo da liberdade, controlando lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. 

    É óbvio que há pais que enfrentam o dilema da educação dos filhos rebeldes e “incorrigíveis”, impermeáveis a todos os processos educativos. Nesses casos (filhos incorrigíveis) os pais, amando e orientando sem desânimos e descontinuidades da dedicação e do sacrifício, devem esperar a manifestação da Providência Divina para o entalhe moral dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa modelagem moral deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão, do sentimento e do respeito ao próximo.

    Mãos à obra, oremos e banquemos a nossa parte!!

    Referências:

    [1] O termo bullying é derivado do verbo inglês bully, que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também adota aspecto de adjetivo, referindo-se a “valentão” e "pit bull". As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “chacotas” maldosas e intimidadoras. É considerada uma questão de saúde pública e de segurança social.


    [3] idem

    segunda-feira, 15 de agosto de 2016

    O MEDALHISTA DE “OURO” DA INVEJA (Jorge Hessen)


    Vanderlei Cordeiro de Lima rumo à pira olímpica 

    Jorge Hessen
    Brasília-DF

    Em face do histórico colapso econômico e político brasileiro, creio que esta não tenha sido a melhor ocasião para a realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. Reconheço que a festa da abertura foi espetaculosa, talvez uma das mais “coloridas”. Mas quero meditar um pouco sobre o fantasma da inveja de um olímpico (parece que não tem nada a ver) porém, vejamos abaixo. 

    Há 12 anos a saga do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, que liderava , à época, a maratona da Olimpíada da Atenas em 2004, quando a 6 quilômetros da chegada, Cornelius Horan, um ex-padre irlandês, ultrapassou as faixas de segurança e agarrou-o conduzindo o atleta para a lateral da pista. Atordoado, Vanderlei conseguiu se recuperar e terminar a corrida, mas por causa dessa interrupção, em vez do plausível “ouro” naquele dia no pódio recebeu a medalha de bronze. Logicamente o imprevisto episódio ganhou destaque em todos os meios de comunicação da Terra.

    Doze anos transcorridos e Vanderlei mais uma vez protagonizou um momento apoteótico quando foi o encarregado de acender a pira da primeira olimpíada realizada no Rio de Janeiro. Foi um sentimento de júbilo que o país reconheceu, demonstrando que a escolha desse protagonismo de Vanderlei não foi injusta. No entanto, avesso a esse momento apoteótico, Stefano Baldini, o vencedor da maratona da Olimpíada da Atenas em 2004, afirmou que aquela homenagem não devolveria a Cordeiro de Lima a suposta glória (medalha de ouro) roubada. Para Stefano o brasileiro não iria ganhar a maratona de 2004, porque ele (Stefano) e Mebrahtom Keflezighi iriam alcançá-lo e Lima teria ficado com o “bronze” da mesma forma. 

    Não é de hoje que Baldini tem afirmado que Vanderlei deve se contentar com o bronze. Sob o abalo da inveja Baldini tem dito que Cordeiro de Lima deveria agradecer à fatalidade de ter encontrado no seu caminho Cornelius Horan [o ex-padre lunático irlandês] , porque caso contrário, afirma Baldini – “ninguém se lembraria dele (Cordeiro de Lima)”. Entretanto, há exatos dois anos o maratonista brasileiro respondeu elegantemente a Stefano como notaremos adiante. 

    No dia 08 de agosto, em matéria sobre o episódio supramencionado, o jornal El País tratou a reação do ex-atleta italiano [Stefano Baldini] como… inveja. Pura e simplesmente inveja. “A história poderia ser contada não como uma parábola do espírito olímpico, (…) mas como uma alegoria da inveja”, escreveu o jornal espanhol. No dia 28 de agosto de 2014, Vanderlei Cordeiro de Lima comentou sobre quem teria ganho a prova de Atenas se o incidente não tivesse acontecido: Disse o brasileiro que “o impacto físico e psicológico do que ocorreu foi muito grande. Em situação normal, eu poderia não ganhar o ouro, mas a disputa iria para a final da prova, com certeza. Eu jamais vou dizer que seria o campeão. Não vou usar de um palavreado que o próprio Baldini adotou e foi infeliz. Jamais vou subestimar os demais adversários, ainda mais se tratando de uma situação que não aconteceu”. 

    Constata-se no testemunho do medalhista de ouro (Stefano), um depoimento desairoso, uma combinação de lamúrias invejosas e carência de ética esportiva, totalmente oposta aos valores olímpicos. Em verdade, doze anos após o incidente de Atenas, Vanderlei Cordeiro de Lima, humildemente se mantém à frente dos que querem impedi-lo de chegar em primeiro. [1] 

    Nos dias que seguirão normalmente após as Olimpíadas do Rio, poderemos ansiar pelas excelsas competições da humildade, da fraternidade entre os povos, da indulgência, da beneficência, socorrendo-nos mutuamente, a fim de que a inveja, o despeito, a maldade, o ciúme, a miséria moral de qualquer casta fuja humilhada, cedendo lugar ao ingente desempenho do afeto, do respeito, do amor segundo o Messias de Nazaré o viveu e nos instruiu. 

    A lição nos induz a refletir que poderemos estabelecer em nós mesmos o treinamento preparatório para o vínculo respeitoso, fraterno, solidário, dando início às futuras Olimpíadas do Evangelho cujo escopo do amor ao próximo será consagrada nas arenas do Orbe inteiro. 

    Referência:


    quinta-feira, 11 de agosto de 2016

    ENTREVISTA COM JORGE HESSEN

    Blogando com os Espíritos, de Agnaldo Cardoso http://blogandocomosespiritos.blogspot.com.br/p/entrevistas.html


    Jorge Hessen

    Biografia

    Jorge Hessen, nascido no Rio de Janeiro a 18/08/1951, aposentado do INMETRO, residente em Brasília desde 1972. Formado em Estudos Sociais com ênfase em Geografia, Bacharel e Licenciado em História pela Universidade de Brasília- Unb.
    Fundador do Posto de Assistência Espírita (DF), jornalista, historiador e escritor. Autor dos livros “Luz na Mente”, “Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal”, “Anuário Histórico Espírita 2002”( uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo – USE ). Autor de 17 livros eletrônicos (E books), todos traduzidos para o espanhol, dois traduzidos para o francês e um traduzido para o inglês  (todos publicados pelo portal Autores Espíritas Clássicos), conforme o link:
    Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de Brasília, O Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na Revista eletrônica O Consolador, no Jornal O Rebate, Jornal A cidade, Portal Para ler e pensar, site da Federação Espírita Espanhola, site Garanhuns espírita e outros…


    A Entrevista

    Agnaldo: Como e por que você ingressou na Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Embarquei no universo espírita impulsionado por incontida investigação da Verdade. Recordo que quando muito jovem nas décadas de 1960 e começo de 1970 frequentava as hostes católicas, os terreiros de umbanda e as igrejas evangélicas, até que em meados de 1970,  quando conheci Eleusa, minha esposa,  e através dela fui convidado a estudar os livros de Allan Kardec, desde então transcursaram  4 décadas de incondicional fidelidade ao Codificador e isso me ajusta ao ritmo de vasto conforto espiritual.

    Agnaldo: O que lhe mais lhe impressionou/apaixonou na Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Desde a primeira hora, fiquei maravilhado em face da cautela, o bom senso, a habilidade de síntese e o acervo cultural de Allan Kardec. Procurei conhecer a biografia do professor Rivail. Percebi que estava diante de um gênio. O filho de Lyon  se submeteu, sempre de forma racional e corajosa, sem esmorecimento o processo de  coletânea e sistematização das verdades reveladas pelos Espíritos. Seu labor se consubstanciou na Terceira Revelação e obviamente isso foi fundamental para inspirar a minha paixão pelo Espiritismo.

    Agnaldo: Qual a principal mensagem espírita?

    Jorge Hessen: O Espiritismo é o Consolador Prometido que desvenda conceitos surpreendentes sobre Deus, o Universo, os homens, a natureza e comunicação dos “mortos” com os “vivos”, a pluralidade dos mundos habitados, a reencarnação e as leis naturais que regem a vida. A Terceira Revelação acena-nos ainda com o soberano apelo para compreendermos e refletir sobre o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

    Agnaldo: Durante seu tempo como espírita, certamente você teve alegrias e momentos menos felizes. Você poderia nos contar alguns desses momentos que lhe marcaram como espírita?

    Jorge Hessen: Para ser franco, asseguro-lhe que após a minha aceitação e conversão aos preceitos do Espiritismo, pacifiquei o coração e expandi a consciência cristã. Deste modo, invariavelmente os meus momentos expiatórios e ou provacionais têm sido consagrados às profundas reflexões para o autoconhecimento.
    Nesse penoso trajeto, na realidade, muitas vezes topo com as naturais lágrimas resultante da ignorância e brutalidade do homem moderno; doutras ocasiões descubro em mim mesmo o entusiasmo da alegria em razão dos repletos exemplos de amor, humildade e abnegação que identificamos  aqui e além no coração do próximo.

    Agnaldo: Para você, o que é Espiritismo?

    Jorge Hessen:  Creio que a fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face em qualquer época da história, consoante disse Kardec, desta forma o Espiritismo se apoia nos três pilares doutrinários, a saber:  ciência, filosofia e religião. Ciência porque se consubstancia num conjunto reunido de informações concernentes a certas classes de eventos ou fenômenos transcendes avaliados experimentalmente, relacionados e descritos por Kardec e outros pesquisadores de renome, representado principalmente pelas obras básicas.
    É Filosofia sem tanger necessariamente o contexto filosófico tradicional (materialista), embora de cunho evolucionista e metafísico, pontua a necessidade de o homem ir em busca de seu autoburilamento, estimulando-o à averiguação de respostas às questões magnas da Humanidade: sua natureza, sua origem e destinação, seu papel perante a Vida e o Universo tendo como bandeira o axioma: “nascer, viver, morrer e renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei. ”
    É, por fim e sobretudo  Religião, porque propõe unir os povos em um ideal de fraternidade, preconizado pelo Evangelho de Jesus, permitido, dessa forma, que o homem se encontre com o próprio Criador, tendo como bandeira o lema:  “fora da caridade não há salvação.”

    Agnaldo: O Espiritismo é uma Religião?

    Jorge Hessen: Sem dúvida,  o Espiritismo é a RELIGÃO, embora saiba que não há  consenso entre os espíritas sobre esse tema. O Codificador  afirma que o Espiritismo é, ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que emanam essas mesmas relações.
    Kardec ainda assegura que do ponto de vista religioso o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma, a imortalidade, as penas e as recompensas futuras, sendo, porém, independente de qualquer culto em particular.
    Kardec ainda esclarece que Espiritismo é religião no Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos (Sociedade de Paris, 1º de novembro de 1868), em que pronuncia:
    Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.
    É a RELIGIÃO, conforme comento na questão anterior, porque propõe unir os povos em um ideal de fraternidade, preconizado pelo Evangelho de Jesus, permitido, dessa forma, que o homem se encontre com o próprio Criador, tendo como bandeira o lema:  “fora da caridade não há salvação.”

    Agnaldo: Allan Kardec recomendava a atualização periódica dos ensinamentos espíritas, em face do avanço da ciência. Como pôr em prática tal recomendação?

    Jorge Hessen: Fundamentalmente é importante ressaltarmos que o Espiritismo não tem incondicional necessidade da ciência terrena, pois como nos adverte Emmanuel na primeira questão da obra O Consolador: “Essa necessidade de modo algum pode ser absoluta. O concurso científico é sempre útil, quando oriundo da consciência esclarecida e da sinceridade do coração. Importa considerar, todavia, que a ciência do mundo se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.”  Eis aí o meu pensamento.

    Agnaldo: O fanatismo religioso atinge seriamente quase todas as religiões e, infelizmente, parece que não é diferente no meio espírita. Qual é a sua mensagem àqueles que incorrem nesse erro?

    Jorge Hessen: O espírita sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no ambiente, com relação aos assuntos doutrinários no seu tríplice aspecto, porquanto, qualquer inconsideração nesse particular, pode conduzir a fanatismo abominável, sem nenhum caráter construtivo.
    Herculano Pires já advertia sobre o igrejismo que assolava as hostes espíritas. No meu ponto de vista, o drama tem seu nascedouro na Federação Espírita Brasileira, que ainda cultiva a postura vaticanista, mantendo no Estatuto o Parágrafo único , item III , Art. 1º  que “além das obras básicas a que se refere o inciso I, o estudo e a difusão compreenderão, também, a obra de J.-B. Roustaing e outras subsidiárias e complementares da Doutrina Espírita.
    Desta forma,  a consagração das obras de Roustaing na FEB tem pervertido a racionalidade espírita no Brasil. E comprovadamente desconheço espíritas  mais fanáticos do que os roustanguistas. Pelo exposto, entendo que no Brasil seja imprescindível a criação URGENTE de uma Confederação Espírita, a fim de unir concreta e racionalmente os corações dos espíritas em torno do eminente Kardec, considerando sempre o Espiritismo em seu tríplice aspecto. Para esse desígnio compete aos atuais jovens espíritas e as lideranças contemporâneas se movimentarem a fim de concretizarem tal projeto.

    Agnaldo: Você acha que a expansão do Espiritismo pelo mundo, deveria ser mais rápida? Você acha que os espíritas deveriam ser menos acomodados? Se assim for, como agilizar esta expansão?

    Jorge Hessen: Não deve ser apressada a expansão e a propaganda espírita. Não há necessidade imediata. A organização do Espiritismo está nas mãos de Jesus, antes de qualquer esforço incerto e volúvel de nossa parte. É imprescindível estudarmos e aplicarmos os ensinamentos do Mestre à luz do Espiritismo, pois nossa tarefa maior deve ser da própria iluminação através de uma fé racional , inabalável e serena.
    Enfatizo que os espíritas devem pensar em alto grau sobre a auto iluminação, antes de qualquer manifesto de querer converter os outros. Jesus  não teve a preocupação de converter ao Evangelho os que o seguiam. O Espiritismo não deve nutrir a pretensão de disputar um lugar na propaganda de massa, até porque  a sua missão há de cumprir-se junto das almas simples, nos legítimos fundamentos do Evangelho.
    Ademais, devemos oferecer aos serviços da propaganda doutrinária a cota de tempo de que possamos dispor, entre os trabalhos diário do ganha pão e o cumprimento dos deveres familiares. Para Emmanuel,  a execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.
    No trabalho da propaganda da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.

    Agnaldo: Por último, o que gostaria de dizer a todos aqueles que procuram pela primeira vez a Doutrina Espírita?

    Jorge Hessen: Estudem Kardec para melhor compreenderem Jesus

    segunda-feira, 8 de agosto de 2016

    EVOCAR “MORTO” PARA QUÊ? O ESPIRITISMO SUPERA TODOS OS FENOMENISMOS Jorge Hessen

    Jorge Hessen
    Brasília-DF


    É evidente que na expressão “o telefone só toca de lá para cá” popularmente atribuída a Chico Xavier não está explícita  a opinião de alguma interdição de se evocar os “mortos”.  Contudo, será que atualmente deve-se provocar, como ocorreu na época de Kardec, a evocação dos espíritos para uma conversinha “agradável” e “amigável”, “franca” e “direta” com os Espíritos, visando obter notícias, revelações e outras informações banais dos mesmos?  Inúmeros neófitos e curiosos procuram grupos espíritas almejando notícias dos entes que “partiram”? Mas, será que a finalidade de um centro espirita é essa?  

    Vigilância e prudência não fazem mal a ninguém. Sou dos que não recomenda  a provocação de evocação dos desencarnados, sobretudo se o médium estiver voltado para a recepção de notícias póstumas de Espíritos sofredores (normalmente recém-desligados do físico), pois em todos os casos de intercâmbio com o além a espontaneidade é essencial para a credibilidade das mensagens. 

    Até mesmo nas mensagens instrutivas de alto valor doutrinário não há a necessidade de se fazer uma evocação direta, pois pode-se receber espontaneamente mensagens instrutivas de qualquer espírito evoluído. O mais importante neste caso é o exame racional e lógico da mensagem recebida, conforme recomenda o bom senso, para se evitar o desvairo da mistificação.

    O Espírito Emmanuel, após ser indagado se era aconselhável a evocação direta de determinados espíritos, esclareceu: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, pois, no complexo dos fenômenos espiríticos. A solução de muitas incógnitas [sobre tal tema] espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina.”[1]

    Insatisfeitos com essas criteriosas orientações de Emmanuel, surgem alguns causídicos “espíritas” sucessivamente espicaçados (quase fascinados) pelo fenômeno do intercâmbio com os “mortos”, fazendo referência ao interesse do mestre lionês pela evocação direta para justificarem suas interações com os “finados”. Entretanto, “precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade de aprendizes comuns” [2] tais quais somos.

    Para os entusiastas (quase fascinados)  pelos  fenômenos mediúnicos , mormente os que desejam notícias dos parentes mortos,  corroboramos inteiramente as advertências do Espírito Emmanuel  quando explana: “Qualquer comunicado com o invisível deve ser espontâneo, e o espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem conveniente e oportuno os mentores espirituais.”[3]

    Para Kardec, “frequentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se objetiva obter dos Espíritos respostas precisas a questões circunstanciadas. ”[4]  Os médiuns – lembra ainda Kardec – “são geralmente mais procurados para evocações de caráter particular do que para comunicações de interesse geral. Eles não deveriam, porém, aceder a tais pedidos, senão com muita reserva, quando feitos por pessoas de cuja sinceridade estejam seguros. Além disso, é preciso evitar sua participação nas evocações movidas por simples curiosidade ou interesse, sem intenção séria por parte do evocador, afastando-se de tudo o que possa transformá-los em agentes de consultas, em ledores da buena dicha.” [5]

    Evocar um “morto” é questão que precisa, portanto, ser bem avaliada, tendo sempre em mente a finalidade a que ela se presta. No livro Conduta Espírita, cap. 25, André Luiz reafirmou a proposta feita por Emmanuel, recomendando-nos seja “abolida, em nosso meio, a prática da evocação nominal dos espíritos.”[6]

    Não tendo havido informações novas, provindas de fontes robustas, confiáveis e consagradas, não concebo por que a recomendação de Emmanuel, reafirmada por André Luiz, deva ser ignorada.  A comunicação com os Espíritos efetua-se por iniciativa deles. A frase "o telefonema vem do lado de lá", dita por Chico Xavier, diz bem como o assunto deve ser encarado com mais seriedade em qualquer contexto do debate sobre o tema, até porque o assunto é grave e não tem nada a ver com as mitologias evocadas por alguns “letrados” em Espiritismo.

    Referências  bibliográficas:
    [1]            Xavier, Francisco Cândido. O consolador , ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, Questão 369
    [2]           Idem questão 380
    [3]           Idem
    [4]           Disponível em acessado em 08 de agosto  de 2016
    [5]           idem

    [6]           Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita , ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001

    terça-feira, 2 de agosto de 2016

    A MORTE E/OU DESENCARNAÇÃO DOEM? (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    Brasília/DF

    O fenômeno da morte e/ou desencarnação constitui uma fatalidade da qual nenhum ser humano consegue escapar. A morte sobrevindo a cada instante nas células, que igualmente se revigoram, chega o momento em que a desoxigenação encefálica se incumbe de interromper as funções do tronco cerebral, obstruindo a ocorrência biológica da vida carnal.

    No processo da morte pesquisadores afirmam que genes permanecem vivos nos defuntos. Asseguram que alguns genes humanos estão ativos por pelo menos 12 horas após a morte biológica. A descoberta deixa para a academia a definição de "morte física" mais emblemática. Cada vez fica mais claro que desencarnar e ou “morrer” é um longo processo, que começa bem antes da data da certidão de óbito e termina muito depois dela. 

    A certeza da vida além-túmulo não elimina as inquietações humanas quanto à morte e/ou desencarnação. Há muitos que temem não precisamente a vida futura, mas o momento da extinção do corpo. Será ele traumático? Em verdade a morte e/ou desencarnação não são iguais para todos, visto que ilimitados são os comportamentos adotados pelos encarnados.

    Apesar de utilizarmos como sinônimos os termos morte e desencarnação, a rigor estes são fenômenos distintos. De fato, é rara a coincidência temporal das durações de ambos os processos. É muito mais frequente o processo de morte propriamente dita ser concluído muito antes da desencarnação.

    A desencarnação para alguns poucos pode ser rápida, proporcionando uma certa liberdade, até mesmo antes da extinção corporal. Comumente, a separação da alma é feita gradativamente , pois o Espírito se desprende vagarosamente dos laços que o prendem, de forma que as condições de encarnado ou desencarnado, no momento do desenlace, se confundem e se tocam, sem que haja uma linha divisória entre as duas.

    Porém, observando-se a tranquilidade de alguns moribundos e as comoções assombrosas de outros, pode-se de antemão ajuizar que as impressões experimentadas durante a morte e/ou desencarnação nem sempre são iguais.

    Para as pessoas espiritualizadas a desencarnação se completa antes da morte, ou seja, tendo o corpo ainda vida orgânica, o Espírito já penetra na vida espiritual, ficando apenas ligado à matéria por elo tão tênue que se desata suavemente com o derradeiro pulsar do coração. Porém, para os algemados aos apelos carnais os laços materiais são vigorosos e quando a morte se aproxima o desprendimento demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes e outras vezes se agarra ao cadáver, do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

    No livro “Voltei”, Irmão Jacob (Espírito) descreve na condição de testemunha sobre tais situações, explicando que quando foi “cortado” o chamado “cordão prateado” entre o corpo e seu perispírito durante o seu velório, o impacto que ele (Jacob) sentiu foi tão intenso que achou que “estava morrendo por segunda vez”. E logo após esse processo de rompimento do “cordão prateado”, a deterioração do cadáver se acentuou significativamente, conta o autor.

    Os religiosos ingênuos que creem poder comprar o ingresso no “reino celestial” à custa de dinheiro (dízimos), serão surpreendidos e ficarão decepcionados com realidade do além-túmulo que os aguarda. Da mesma forma os suicidas, considerando inclusive as atenuantes e agravantes do suicídio, depararão com imensa frustração por não lograrem matar a própria vida e sofrerão enormemente os efeitos inevitáveis da suprema rebeldia às leis do Criador. Nas mortes violentas, tais como nos acidentes, o desprendimento inicia após a morte biológica, e sua consumação não ocorre instantaneamente. O Espírito fica preso ao corpo aturdido, não compreende seu estado, permanecendo na ilusão de que vive materialmente por período mais ou menos longo, conforme seu nível de consciência espiritual.


    Na maioria das vezes, tendemos a ignorar o fato de nossa mortalidade, e é somente quando um amigo próximo ou parente querido está morrendo que, intuitivamente, reconhecemos nosso próprio e inevitável roteiro em direção à morte. Há milhares de anos esse assunto tem sido uma questão central para o debate teológico e filosófico, mais do que para a exploração científica e objetiva; entretanto, como observamos acima, a ciência começou a ampliar a compreensão sobre o que acontece quando morremos, tanto no aspecto genético do cadáver quão do aspecto psicológico da alma enquanto mente humana.