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  • quarta-feira, 9 de março de 2016

    NÃO BASTA ENVERNIZAR A CORRUPÇÃO , É URGENTE EXTINGUI-LA (Jorge Hessen)



    Por mais respeitáveis sejam as organizações sociais ou programas sociais de governo, se os militantes e governantes não se identificam com a probidade, falseá-las-ão e lhes desnaturarão o objetivo para explorá-los em proveito próprio. Quando os governantes forem honrados e íntegros moralmente, farão boas instituições e elas serão duráveis, porque todos terão interesse em sua conservação. Segundo Allan Kardec “a questão social não tem o seu ponto de partida na forma de tal ou tal instituição; está inteiramente no aperfeiçoamento moral dos indivíduos e do povo. Aí está o princípio, a verdadeira chave da felicidade da sociedade, porque então os homens não pensarão mais em se prejudicarem uns aos outros. Não basta colocar um verniz sobre a corrupção, é preciso extingui-la”. [1]

    Nessas reflexões de Rivail comentaremos sobre a célebre “Operação Lava Jato” que desvendou aos olhos dos brasileiros um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais (algo acima de R$ 40 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões em “propinas”) . É considerado pela Polícia Federal como a maior investigação de corrupção da história do país. Os inquéritos estão provocando uma "revolução" na sociedade brasileira e têm sido muito bem conduzidos por aguerridos patriotas, sóbrios e incorruptíveis.  As sentenças têm sido decisivas e vão alcançando altos executivos, alguns já condenados a passar 15 ou 20 anos na prisão.

    Há mais de uma década, na cidade mexicana de Mérida, mais de 110 países assinaram a Convenção Nações Unidas contra a Corrupção. [2] O referido acordo prevê a cooperação para a recuperação de somas de dinheiro desviado dos países e a criminalização do suborno, lavagem de dinheiro e outros atos de putrefação da honra. Não é com alegria que vemos no Brasil a improbidade, a falcatrua, a propina com o status de “normalidade” arruinando econômica, política e socialmente toda uma nação. Temos observado a crise que desafia o bom ânimo do povo em face dessa enxurrada de denúncias de crimes ao erário público. Em razão disso, brotou no cenário brasileiro uma espécie de escárnio das massas, ganhando preciosos espaços o frisson coletivo e paradoxalmente a omissão generalizada. Em contrapartida , diante das recentes e inovadoras penalidades aplicadas estamos atravessando o apogeu de um ciclo esperançoso de transformação visceral que tem atingido afirmativamente a população.

    O Brasil passa por processo de profunda transição. Sem sombra dúvida há uma intervenção de Jesus em nossa Pátria, apontando para um amanhã próspero em favor do povo. Nesses novos tempos, muitos Espíritos rebeldes ainda estão tendo oportunidade de escolher viver o bem ou o mal. No livro “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento. [3]

    Os que permanecerem no mal, não reencarnarão mais na Terra e após rigorosa seleção dos valores morais serão expurgados para outras instâncias planetárias. Nesse processo da separação do joio e do trigo, dessa filtragem espiritual, não mais nos depararemos com a violência, com os escândalos, com a ironia, com o cinismo, com a mentira, com a corrupção.

    Ainda assim, os figurantes (massa de manobra) da desordem reagirão, bradando por confrontos entre classes sociais, falarão de paz, de justiça social como armas para a agressão entre compatriotas. Entretanto Jesus permanecerá com a rédeas nas mãos e no comando do povo e a vitória será do Evangelho. Não por acaso consta na composição do hino nacional o fragmento “se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”. Sim, os legítimos representantes da pátria “verde e amarelo” não abdicarão da luta pela probidade, pelo decoro, pela liberdade e pela honra. Hoje mais do que nunca, o povo caminha no rumo seguro da vitória sobre o mal e os maus. Ante a Lei de Cause e Efeito os pervertidos pela corrupção (sejam aves de rapina ou acintosas serpentes) serão condenados (mormente os que ainda não foram punidos) para o bem de todos e felicidade geral da Nação.

    O Espiritismo auxiliará eficazmente nas reconstruções de ordem sociopolítica e econômica, porque propõe a substituição dos impulsos antigos do egoísmo pelos da fraternidade universal. O Codificador faz menção, em Obras Póstumas, sobre o regime político que deverá vigorar no futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Sim! Aristocracia - do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores implica que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências. [4] Com base nas lições de Jesus, na questão 919 d’O Livro dos Espíritos, os Benfeitores informam que a perfeição moral só se alcança com a prática do bem, sacrificando-se o interesse pessoal em benefício do semelhante, de modo abnegativo, sem esperar recompensas.[5]

    Ora, os filhos do Brasil não podem se ajoelhar diante da putrefação moral e da corrupção que deteriora a estabilidade da sociedade. Urge orar, solicitar a Jesus pedindo-lhe que interceda a favor dos bons cidadãos (juízes, delegados, agentes policiais, advogados, procuradores, jornalistas, religiosos e outros) e das futuras gerações de brasileirinhos. O cidadão do futuro se forma no presente. Um país de justiça e liberdade se constrói com lealdade, honradez, amor e muito trabalho.

    Referências bibliográficas:

    [1] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
    [2] Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 31 de outubro de 2003 foi assinada pelo Brasil em 9 de dezembro de 2003
    [3] Kardec Allan. O Céu e o Inferno, RJ: Ed. FEB 1970
    [4] Kardec Allan. Obras Póstumas, preâmbulo, RJ: Ed. FEB 1999
    [5] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 919 RJ: Ed FEB 2000

    terça-feira, 1 de março de 2016

    AS ALMAS OU ESPÍRITOS NÃO TÊM “SEXO” (Jorge Hessen)

    Shiloh, filha de Brad Pitt e Angelina Jolie
    Jorge Hessen
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    Isso mesmo! As almas ou Espíritos não têm “sexo”. Os sexos só existem no organismo para a reprodução dos corpos físicos. Mas os Espíritos não se reproduzem no além, razão pela qual órgãos sexuais são inúteis no “ultra tumba”. Eis aí um tema um tanto quanto instigante. Todavia, após leitura atenta e uma boa compreensão do texto abaixo, será possível a assimilação de juízos e aprendizado.

    Aos 2 anos de idade, Tyler, que nasceu menina, disse com todas as palavras para seus pais: “eu sou menino”. Entretanto seus pais insistiram com ele que não. Mostraram fotos do órgão sexual e argumentaram que ela havia nascido com corpo de menina. Tyler respondia: “quando vocês me mudaram?”. Dois anos depois, um psicólogo confirmou a condição: Tyler sofria mesmo de Transtorno de Identidade de Gênero, e recomendou que os pais começassem a tratar a criança como um menino. A “filha”, então, passou a ser carinhosamente tratada como menino.

    Há 8 anos o ator Brad Pitt revelou para a entrevistadora Oprah Winfrey que Shiloh, a primeira de seus três filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria ser chamada de John. Em 2014, Shiloh, com 10 anos, apresentou-se de terno e gravata à cerimônia de estreia de um filme dirigido por Angelina Jolie. Será que os atores estão certos em apoiar o comportamento da filha? Deveriam desestimulá-lo? O que eles fazem ou deixam de fazer afetará o futuro de Shiloh?

    Há escassíssima informação científica para orientar pais em situação como a do casal Pitt e Jolie. Do ponto de vista da psicóloga Kristina Olson, da Universidade de Washington, as 32 crianças transgêneros (entre 5 e 12 anos), que foram submetidas ao Teste de Associação Implícita para medir a velocidade com que associavam aspectos de gênero masculino e feminino à própria identidade, mostraram uma identificação tão automática com o gênero que escolheram quanto as crianças cisgênero. Embora sejam necessários mais estudos, Kristina afirma que as crianças trans não são confusas, rebeldes nem estão simplesmente fingindo ser o que não são. A identidade que cultivam está bastante arraigada nelas. [1]

    A transexualidade é um assunto muito polêmico, e menos discutido do que deveria. Talvez por isso não se compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos casos de preconceito. Consagradamente transexual é a pessoa que nasceu com um determinado sexo, mas não se identifica com ele. E esse transtorno mental e de comportamento leva tal indivíduo a procurar tratamentos hormonais e até fazer cirurgias para mudar o corpo.

    Uma pessoa pode ser cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra. Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero definido pelo sexo biológico. Uma pessoa transexual se identifica com o gênero oposto ao sexo com que nasceu. O transexual é transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.

    Um estudo recente realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista Psychological Science, concluiu que as crianças transgênero começam a reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente ao sexo biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho e não se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no corpo certo.

    A partir de 2013, a justiça alemã garantiu aos pais de recém-nascidos transgêneros três opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. [2] Quando existe uma criança transgênero na família, talvez seja importante a procura por apoio moral e psicológico para lidar com esse momento desafiador e estabelecer um canal aberto de comunicação entre os familiares. Por isso, a ajuda de profissionais como pedagogos e psicólogos é oportuna. Mas, na hora de procurar auxílio, é muito importante que tais especialistas entendam sobre identidades transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o que de fato não é. O profissional também ajudará a criança a lidar com os preconceitos que ela enfrentará no transcurso da vida.

    A sociedade dará sinais de avanço quando compreender que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho” ou “fêmea”. O Espírito Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante do fenômeno “transexualidade”, perfeitamente compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente superior ao simples gênero masculino ou feminino. Aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.” [3]

    Para os Mensageiros do além, “as características sexuais dos Espíritos fogem do entendimento humano, até porque são os mesmos os Espíritos que animam os corpos de homens e mulheres. Para o Espírito, (re)encarnar no corpo masculino ou feminino [ou sexualmente “indefinido”] pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.” [4] Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. “Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só saberia o que sabem os homens e ou as mulheres.” [5]

    É urgente amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.” [6]


    Referências bibliográficas:

    [1] Disponível no site http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-estao-fingindo-elas-existem acesso em 29/02/2016
    [2] Disponível http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130820_alemanha_terceirosexo_dg.shtml acesso em 03/09/2013
    [3] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade
    [4] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª – Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões 200, 201 e 202.
    [5] Idem
    [6] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. Homossexualidade