Jorge
Hessen
.
Conforme envelhecemos,
o cérebro se reorganiza e passa a agir e pensar de maneira diferente. Essa
reestruturação nos torna mais inteligentes, calmos e felizes. “Para o ignorante, a velhice é o inverno;
para o sábio, é a estação de colheita”, diz o Talmude.
Tornar-se velho é
processo natural que pode ser atraente ou desfavorável. Sentimos
constrangimento ao perceber a capacidade física diminuindo, no entanto a
capacidade intelectual pode aumentar, assim como a experiência de vida.
Na velhice pode ocorrer
relativa perda de memória, mas o aprendizado e raciocínio social melhoram, ou
seja, na velhice há mais capacidade de navegar através das complexidades da
vida na sociedade. Quando a libido, por exemplo, vai se esvanecendo o encanto
de viver vai se alargando, não obstante a saúde física possa gerar queixas naqueles
que não souberam ou não se prepararam para envelhecer.
Especialistas estão
percebendo que a atitude mental tem um papel importante na decrepitude. Por
isso, há pessoas que dizem se sentirem mais jovens do que realmente são. A
perspectiva juvenil as torna mais ativas e mais longevas. Entretanto, por que
existem pessoas desanimadas aos vinte anos, quando outros se sentem ativos aos
oitenta? Em que tempo se deve colocar o limite entre a mocidade e a velhice?
Feliz do velho que viveu a vida bem vivida e vive agora o esplendor da velhice
com o espírito jovem, cheio de vida.
Se vivemos na
disciplina do trabalho, com a ginástica na academia do pensamento digno, manteremos
sempre saudáveis os músculos da juventude espiritual, a que se constrói, por
fonte de inexaurível renovação, aperfeiçoando o presente e edificando o amanhã.
Não podemos execrar a
velhice, quando vemos que o tempo nos traz a riqueza da experiência. Não há
limite preciso entre juventude e velhice, quando conseguimos dominar o corpo
físico e conservá-lo viril através dos anos. Assim sendo, não envelhecemos.
Pelo contrário, o tempo o aprimora e aguça, dando-nos a juventude que se
repete, cada vez mais bela e segura, em cada nova encarnação.
É completamente
incoerente considerar a velhice como algo horrível, mortificante, degradante.
Ora, por que avaliamos o transcurso do tempo declínio e não mudança? Lembremos
que Jesus só se entregou à sua missão na idade madura, e Kardec só iniciou a
codificação do espiritismo aos cinquenta anos de idade. Chico Xavier não se entregou a decrepitude e
mesmo quando transportado nos ombros amigos serviu a todos os necessitados que
por ele buscaram consolo até o final de seus dias aqui na Terra.
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