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  • quarta-feira, 18 de março de 2015

    ESTUDOS METAPSÍQUICOS E OS DEBATES “QUÂNTICOS” DA MENTE E DA VIDA HUMANA (Jorge Hessen)

    Jorge Hessen
    COLEÇÃO DE LIVROS GRATUITOS.

    Pode-se assegurar que a metapsíquica teve as suas raízes nas primorosas pesquisas de William Crookes, descobridor da matéria radiante, do tálio [1] e dos raios catódicos [2]. Foi um dos principais estudiosos científicos a catalogar e divulgar os transcendentes fenômenos psíquicos tais como mesas girantes, levitação de objetos, materilização, tiptologias (batidas), pneumatofonia e pneumatografias, obtidos principalmente através dos médiuns Daniel Douglas Home e Florence Cook, provocando muito interesse em face das suas manifestações em toda a Europa.

    O célebre fisiologista francês Charles Richet, prêmio Nobel de medicina em 1913, fortemente motivado pela valiosa contribuição “Crookes”, trouxe a lume a obra “Tratado de metapsíquica” através da Academia francesa de ciências, em 1922. Antes disso porém, o termo “parapsicologia” é proposto em 1889 pelo psicólogo francês Max Dissoir. A expressão significa ciência que estuda os fenômenos ocultos, classificando-os em três áreas a saber: psi gama, que abrange a área mental como telepatia clariaudiência, precognição, retrocognição eclarividência; psi kappa, que estuda os fenômenos físicos como a telecinesia, a tiptologia, a levitação, o apport e poltergeister; psi theta,que pesquisa os fenômenos provocados pelos “mortos”.

    Na década de 1930 o professor de psicologia da Universidade de Duke, na Carolina do norte, EUA, Joseph Banks Rhine fundou o laboratório de parapsicologia, o "Journal of Parapsychology" e a "Foundation for Research on the Nature of Man". Após vários anos de cautelosa pesquisa científica e criteriosa avaliação estatística dos resultados, Rhine publicou em 1934 a primeira edição da obra "Percepção Extra Sensorial", que teve várias edições e foi extensamente lida nas décadas seguintes.

    No Brasil as pesquisas paranormais ainda não são acolhidas oficialmente no âmbito de uma universidade federal. Nos Estados Unidos da América do Norte o interesse por temas metapsíquicos e mediúnicos (psi theta) ainda é uma novidade. Há 15 anos os editores do médium americano James Van Praagh, autor do livro “Conversando com os espíritos”, se espantaram com a vendagem de centenas de milhares de exemplares do livro.

    Sucessores de Sigmund Freud, que no final do Século XIX chamou de histeria e de múltipla personalidade o que os seus contemporâneos consideravam possessão, abriram um espaço para as novas respostas. Essa brecha pode ser observada nas atuais indicações do Instituto Nacional de Saúde nos EUA, onde se sugere a prece e os tratamentos espirituais (passes magnéticos) para complementar tratamentos médicos.

    Outro exemplo é a ressalva do atual DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – espécie de bíblia da psiquiatria. Segundo o relatório, o clínico deve tomar cuidado ao diagnosticar como psicóticas as pessoas que dizem “ouvir” ou “ver” os “mortos” pois em algumas culturas religiosas isso pode não significar alucinação ou psicose. É a admissão antropológica da mediunidade, ou seja, uma ampla abertura para entendê-la como função psíquica.

    A distância entre ciência e religião se reduziu. De alguns anos para cá os cientistas, mormente da área quântica, começam a falar como “místicos”, e místicos tentam agir como os “cientistas”, segundo diz o Dr. Patrick Drouot, físico francês, doutorado pela Universidade Columbia de Nova York e pesquisador do Instituto Monroe (EUA). Drouot é autor dos livros “Reencarnação e Imortalidade” e “Nós somos todos imortais”, que venderam milhões de exemplares nos últimos anos.

    Na área “quântica”, o renomado cientista Robert Lanza criou o biocentrismo, uma “nova teoria do Universo”, que propõe a utilização de todos os conhecimentos que a humanidade adquiriu nos últimos séculos. A partir dessa perspectiva e com essas ferramentas, Lanza deu uma nova resposta à pergunta primordial sobre a morte: para o biocentrismo, esta é uma ilusão, já que é a vida que cria o universo e não o contrário. Dado que o espaço e o tempo não existem de forma linear, a morte não pode existir em seu “sentido real” – seria apenas uma ilusão da consciência. E é a consciência que, segundo Lanza, conecta a vida ao corpo biológico.

    A prova estaria nos experimentos de física quântica, que demonstram que a matéria e a energia podem se revelar com características de ondas ou de partículas na percepção e na consciência de uma pessoa. Acrescentando-se a teoria de que existe uma infinidade de universos com diferentes variações que acontecem ao mesmo tempo, o biocentrismo comprova que tudo o que pode acontecer está ocorrendo em algum ponto do multiverso, ou seja, a morte não pode existir em “nenhum sentido real”.

    Alguns cientistas importantes fizeram coro à teoria de Lanza, como Ronald Green, diretor do Instituto de Ética da Universidade de Dartmouth, que afirma que pensar a consciência de um ponto de vista quântico é coerente com as últimas descobertas da biologia e da neurociência sobre as estruturas da mente e da vida humana.


    Referências:

    [1]           Metal representativo localizado na penúltima posição do grupo 13 (mesma do boro e alumínio). Possui número atômico Z = 81 e massa atômica ponderada (entre os dois únicos isótopos estáveis) A = 204,4 u.

    [2]            Feixes de elétrons produzidos quando uma diferença de potencial elevada é estabelecida entre dois                  localizados no interior de um recipiente fechado contendo gás rarefeito. Uma vez que os elétrons têm carga negativa, os raios catódicos vão do eletrodo negativo - o cátodo - para o eletrodo positivo - o ânodo

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