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  • segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

    Momentos de conciliação

    Antonio Cesar Perri de Carvalho


    Antonio Cesar Perri de Carvalho
    Presidente da Federação Espirita Brasileira

    A passagem de ano assinala o mundo com variadas conturbações, mas surgem notícias alvissareiras que representam esforços para o bem geral e para a paz.

    Nos últimos dias vieram à tona informações sobre o reatamento das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, simultaneamente informado pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro, depois de 18 meses de negociações (1), e após 53 anos de terríveis isolamento e contendas.

    Na mensagem de Natal dirigida à nação, a rainha Elizabeth II destaca a importância da reconciliação com a Escócia, depois do plebiscito sobre a independência do Reino Unido: “muitos se sentiram desapontados, enquanto outros se sentiram aliviados, e unir essas diferenças vai levar tempo”. E também lembrou o centenário do momento de confraternização num jogo de futebol que uniu espontaneamente soldados britânicos e alemães, durante a 1ª. Guerra Mundial: “Sem nenhum comando ou instrução, os tiros cessaram e os soldados e encontraram na terra de ninguém para tirar fotos e trocar presentes. Isso foi uma trégua de Natal.”(2) .

    O papa Francisco – que luta por grandes transformações e por simplicidade – em viagem à Turquia visitou a principal autoridade da Igreja Ortodoxa na Mesquita Azul de Istambul. Seu esforço é pelo diálogo entre as religiões. (3) O papa renovador protagonizou um momento surpreendente no evento de confraternização de Natal com os líderes da Igreja Católica. Durante o encontro, Francisco fez duas críticas à Cúria Romana: “falou da ‘doença do lucro mundano’, da ‘rivalidade’, da ‘glória vã’, do ‘terrorismo das fofocas’, que destrói reputações; a ‘doença dos covardes’, que falam por trás; ‘daqueles que tratam os chefes como seres divinos para subir na carreira’ e citou o ‘mal do poder e do narcisismo’. O papa Francisco surpreendeu ao pedir que os cardeais façam um exame de consciência.” (4,5)

    Em síntese, exceção feita à postura do Papa que claramente sinaliza para uma real conciliação com os valores evangélicos, as demais recentes manifestações, por motivos variados, também acabam por reforçar a ideia da conciliação e, quiçá, do respeito e da solidariedade.

    Durante recente Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional da FEB, Bezerra se manifestou pela psicofonia de Divaldo alertando para o “Momento decisivo” que vivemos no mundo, no país e no Movimento Espírita:

    “Nosso amado planeta, ainda envolto em sombras, permanece na sua categoria de inferioridade, porque nós, aqueles que a ele nos vinculamos, ainda somos inferiores, e à medida que se opera nossa transformação moral para melhor, sob a égide de Jesus, nosso modelo e guia, as sombras densas vão sendo desbastadas para que as alvíssaras de luz e de paz atinjam o clímax em período não muito distante. [...] É um momento de siso, de decisões, para a paz no período do porvir. [...] Recordai-vos de que o Cristianismo nascente experimentou também inúmeras dificuldades. A palavra revolucionária do apóstolo Paulo, a ruptura com as tradições judaicas ainda vigentes na igreja de Jerusalém, geraram a necessidade do grande encontro, que seria o primeiro debate entre os trabalhadores de Jesus que se espalhavam pelo mundo conhecido de então. [...] No momento grave, quando uma ruptura se desenhava a prejuízo do Bem, a humildade de Simão Pedro, ajoelhando-se diante da voz que clamava em toda parte a Verdade, pacificou os corações e o posteriormente denominado Concilio de Jerusalém se tornou um marco histórico da união dos discípulos do Evangelho. [...] Abençoados servidores! Abençoadas servidoras da Causa! Amai! Amai com abnegação e espírito de serviço a Doutrina de santificação, para que os vossos nomes sejam escritos no livro do Reino dos Céus e possais fruir de alegrias, concluindo a etapa como o Apóstolo das Gentes, após haverdes lutado no bom combate. [...] O mundo necessita de Jesus, hoje mais do que ontem, muito mais do que no passado, porque estamos a caminho da intuição, após a conquista da razão, para mantermos sintonia plena com Aquele que é o nosso guia de todos os dias e de todas as horas.”

    Mas, logo no início incita-nos: “Que o espírito de união, de fraternidade, leve-nos todos, desencarnados e encarnados, à pacificação, trabalhando essas anfractuosidades para que haja ordem em nome do progresso.” (6)

    O notável exegeta Emmanuel, comenta no texto “Conciliação”, o trecho de Jesus: “Concilia-te – depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça, e te encerrem na prisão.” (Mateus. Cap. 5, v. 25.),edestaca: “Muitas almas enobrecidas, após receberem a exortação desta passagem, sofrem intimamente por esbarrarem com a dureza do adversário de ontem, inacessível a qualquer conciliação. A advertência do Mestre, no entanto, é fundamentalmente consoladora para a consciência individual. Assevera a palavra do Senhor – “concilia-te”, o que equivale a dizer “faze de tua parte”. [...] Trabalha, pois, quanto seja possível no capítulo da harmonização, mas se o adversário te desdenha os bons desejos, concilia-te com a própria consciência e espera confiante.” (7)


    “Senhor Jesus! Ante as promessas do ano que se inicia, não nos permitas que esqueçamos aqueles com nos honraste o caminho iluminativo…” (8).


    Referências:






    (6) Franco, Divaldo Pereira. Pelo espírito Bezerra. Momento decisivo. Reformador. Ano 132. N. 2.229, dezembro de 2014, p.710-12; http://www.souleitorespirita.com.br/reformador/destaque/momento-decisivo/;

    (7) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Pão nosso. Cap. 120. FEB: Brasília. 2012, p. 253-4.

    (8) Franco, Divaldo Franco. Pelo espírito Joanna de Ângelis. Florações evangélicas. Salvador: Ed.LEAL, cap.60.

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