Jorge Hessen
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Para determinados teóricos do ocidente, a religião é a chave para decifrar a civilização humana. No oriente, o atual governo chinês ainda tem uma visão totalmente diferente de religião. Depois que o PCC-Partido Comunista Chinês ganhou o poder, empregou um regime extremamente rígido de controle e monitoramento das religiões. Após 1949, todas as atividades cristãs foram proibidas na China e estudos religiosos foram catapultados. A perspectiva histórica sobre a religião ensinada lá é baseada na teoria marxista de que “o Cristianismo é o ópio do povo”.
Todas, rigorosamente todas, as entidades políticas que abraçam o comunismo instituem ditaduras bárbaras. Os ditadores almejam ampliar seu controle não somente sobre o mundo físico e a mente humana, mas também no mundo do “espírito”, oferecendo uma explicação derradeira para tudo. Portanto, eles consideram todas as religiões como teorias malignas que ameaçam seu poder. Aliás, eles avaliam todos e quaisquer grupos organizados como ameaças a seu regime.
Num dos atos históricos mais extravagantes advindo do desprezível totalitarismo comunista, acredite se puder ou quiser!... A China, em 2008, aprovou uma proibição a todos os monges budistas tibetanos de “reencarnarem” sem autorização prévia do PCC-Partido Comunista Chinês. O pretexto de tamanha estupidez é cortar a influência do Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete (exilado na Índia) numa tentativa de sufocar o estabelecimento religioso budista meio século depois de invadirem o pequeno país dos Himalaias.
Ao excluir a hipótese de qualquer budista reencarnar em território chinês o PCC passa a “controlar” a reencarnação do Dalai Lama, e a lei efetivamente dá o direito às autoridades chinesas de elegerem a “reencarnação” do próximo Dalai Lama. Naturalmente não vamos perder tempo para comentar tal sandice.
Apesar dos pesares, durante a maior parte da história chinesa, propagar o budismo e o taoismo era permitido. Acreditamos que os confrontos entre política e religião na China se tornarão a breve tempo a principal questão na sociedade chinesa. Não obstante a China ser um país ateu, esse cenário está mudando rapidamente. Muitos dos seus 1,3 bilhão de cidadãos estão buscando conforto espiritual, o qual é algo que nem o comunismo nem o capitalismo parece poder oferecer a nenhum deles.
Sobre essa milenar civilização, Emmanuel lembra em “A Caminho da Luz” que no advento dos capelinos para a Terra, em épocas antiguíssimas, a existência chinesa já contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos. Portanto as raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre os chineses já se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de soberano interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida.
Nos milênios recuados brilhou a luz de Fo-Hi, compilador de ciências religiosas da China; em seguida surgiu Lao-Tsé,sob cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios. Confúcio viveu cinco séculos antes da vinda do Cristo e auxiliou a preparar os caminhos do Evangelho no mundo. Nesse mesmo período reencarnaram outros emissários do Mestre na Grécia, Roma e noutros centros adiantados do planeta. Todos eles eram elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia, legítimos precursores do Evangelho, a fim de que a Humanidade estivesse preparada para a aceitação das instruções de Jesus há dos mil anos.
Em 1938, Emmanuel examinou o estado de estagnação da alma chinesa nos últimos séculos e concluiu sobre a necessidade imperiosa da raça amarela comungar no banquete de fraternidade dos outros povos. A cristalização das ideias chinesas advinha do isolamento voluntário. Em face disso, o mentor de Chico Xavier explicou que a existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhecimento e para Deus. A China devia ser também convocada, pelas transformações do século, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes (espirituais) e aprender as virtudes dos outros povos.
O autor espiritual de “Há dois mil anos” observou que a palavra direta do Cristo, consubstanciada no seu Evangelho, ainda não tinha chegado ao povo chinês de um modo geral, a fim de iluminar o caminho de todos os corações. Porém, de forma instigante, Emmanuel profetizou que um sopro de vida (Boa Nova?) romperá as sombras milenárias que caíram sobre a república chinesa. Vaticinou que mãos valorosas erguerão o monumento evangélico naquele mundo de dolorosas antiguidades, e um novo dia raiará (Espiritismo?) para a grande nação que se tornou historicamente o símbolo de paciência e de perseverança para os outros povos. (1)
Decorridos esses anos após a previsão de Emmanuel, estudos atuais afirmam que a China pode estar prestes a se tornar não apenas a economia número um do mundo, mas também a nação com o maior número de cristãos do planeta segundo Fung Yang, professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”. (2) Pelas estatísticas a panorâmica é concreta! Observemos: Não obstante toda força do PCC, paradoxalmente em 2010 havia na China mais de 58 milhões de cristãos (considerados aqui apenas os evangélicos/protestantes) em comparação com os 40 milhões no Brasil e os 36 milhões na África do Sul, segundo pesquisa do Centro de Pesquisa Pew. E esse número poderá aumentar para cerca de 160 milhões até 2025. Isso poderá superar o número de protestantes nos EUA que é de cerca de 159 milhões, comprovados em pesquisa de 2010. (3)
Desde o século XIX o Espiritismo tem confirmado pelos fatos as relações entre o mundo material e o além-túmulo. Nova luz tem despertado consciências humanas. A Fé e a Razão são as duas asas pelas quais o coração se ergue para enxergar da verdade. O Criador assentou no coração do homem o anseio de conhecer a verdade e de compreendê-Lo, para que admitindo-O e amando-O alcance aproximar-se da verdade plena sobre si próprio. A fé precisa da razão tanto quanto esta necessita da fé, a fim de que o materialismo seja definitivamente debelado. Mas nisso, como em tudo, há aqueles ateus fanáticos que ficam atrás, até serem arrastados pelo movimento geral, que os abate se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem.
É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezenove séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as consequências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus. (4)
Notas e referências bibliográficas:
(1) Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1974.
(2) Fung Yang , professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”
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